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Jonang
A doutrina do Embrião/Ventre do
Perfeito (sânsc. Tathagatagarbha) não foi uma escola filosófica no sentido
convencional. Suas primeiras escrituras, o Tathagatagarbha Sutra e o
Shrimaladevi-simhanada Sutra, devem ter surgido por volta do século III. O
primeiro é um texto no qual a essência da natureza búddhica, ou
tathagatagarbha, é identificada dentro de nossa realidade mundana. Neste
texto, o Buddha teria afirmado que apesar de estarem cobertos de máculas,
transmigrando de uma existência para outra, eles [todos os seres sencientes]
possuem o tathagatagarbha, dotado de virtudes, sempre puro e, portanto, não
diferente de mim. (Tathagatagarbha Sutra) No segundo texto,
Shrimaladevi-simhanada Sutra, a rainha Shrimala faz dez votos e prega a
doutrina de um caminho (sânsc. ekayana), o caminho do tathagatagarbha. O
vazio (sânsc. shunya) é apresentado como a ausência de impurezas no
tathagatagarbha, na natureza búddhica. Outro texto importante para esta
escola, escrito entre os séculos II e IV, é o Maha-parinirvana Sutra (que
não tem qualquer relação com o Maha-parinibbana Sutta do cânone páli). Neste
texto, afirma-se que é uma delusão ver impermanência onde há
permanência, sofrimento onde há felicidade, não-personalidade onde há
personalidade, impureza onde há pureza. Na realidade existe algo permanente,
feliz, puro e de natureza personalizada, que é o tathagatagarbha um elemento
puro, realmente existente, totalmente além do desejo, ódio e ignorância
egoístas. (Maha-parinirvana Sutra) O Ratnagotravibhaga, atribuído ao
filósofo indiano Maitreyanatha (século IV-V) da escola Yogachara, foi
comentado pelo indiano Saramati entre os séculos III e IV. Saramati explica
que a realidade, ou tathata, tem dois modos ou estados. O estado búddhico é
o tathata puro, enquanto o estado mundano é o tathata impuro, maculado. Posteriormente, vários textos, como o
Mahayanasutra Lamkara, começaram a mencionar a consciência armazém (sânsc.
alaya-vijnana) da escola Yogachara. Finalmente, em textos como o Lankavatara
Sutra e o Ta-sheng ch'i-hsin lun, a consciência armazém é identificada como
sendo o próprio tathagatagarbha. Por isso, pode-se estabelecer uma relação
entre esta doutrina e as duas filosofias Mahayana. Enquanto o Madhyamika estabeleceu o
conteúdo cognitivo da iluminação, o Yogachara enfatizou a prática espiritual
como o meio pelo qual nos movemos para tal estado. [...] [A] doutrina
Tathagatagarbha procura explicar como este movimento, ou transformação, é
possível. (Andrew Skilton, A Concise History
of Buddhism) A natureza essencial de sua própria
mente é o sugatagarbha [ou tathagatagarbha]. Um sugata é alguém que foi para
o êxtase, e garbha é um embrião, ventre ou essência. Onde está presente esta
natureza essencial? Você pode dizer que está presente em sim mesmo, mas é
mais acurado dizer simplesmente que é você. Identificando sua própria mente,
você corta completamente todas as elaborações conceituais e simplesmente
descansa na natureza de seu próprio estado desperto. Esta natureza essencial
não tem forma ou cor. Não é adventícia nem ocorre em algum tempo posterior,
ao invés disso, é original, perfeitamente pura por sua própria natureza, nua
e fresca. (Citado por Gyatrul Rinpoche em Naked
Awareness) [C]ada ser senciente possui
naturalmente este potencial iluminado. De cem seres quaisquer, todos os cem
têm o potencial para a iluminação. Não podemos dizer que apenas noventa e
cinco dos cem atingirão a iluminação enquanto os cinco restantes não tem
chance, não importa o quanto tentem. Cada e todo ser tem este potencial de
iluminação. [...] [T]odos os seres sencientes são dotados com a essência
iluminada. (Thrangu Rinpoche, Buddha Nature) Como o corpo do estado búddhico
completo permeia tudo, como a talidade é indivisível e como possuem o
potencial, todos os seres têm constantemente a essência búddhica. (Mahayana Uttara Tantra Shastra) A doutrina Tathagatagarbha influenciou
a escola chinesa Hua-yen e sua extensão japonesa, a escola Kegon. Deve-se
citar também a extinta escola tibetana Jonang(-pa), fundada por Yungmo Mikyö
Dorje e sistematizada por Dölpupa. Künpang Thuje Tsöndru (1243-?)
estabeleceu a escola no monastério Jomonang; seu discípulo Dölpo Sherab
Gyaltsen (1292-1361) compôs o Oceano do Significado Definitivo (tib. Richö
Ngedön Gyatso/ ri chos nges don rgya mtsho). Segundo a escola Jonang, a verdade
relativa é vazia em si mesma e a verdade absoluta existe inerentemente,
objetivamente, por si mesma. Este ensinamento, conhecido como vazio de outro
(tib. shentong/ zhan stong ), costumava ser refutado por adeptos da visão
filosófica do vazio de si mesmo (tib. rangtong/ zhan stong ). A escola Jonang contou com grandes
mestres, como Jonang Künga Drölcho (1495-1566), que recebeu ensinamentos de
Niguma e Taranatha. No século XVII, problemas religiosos e políticos levaram
os monastérios da escola Jonang a se tornarem Gelug, mas seus ensinamentos
continuaram em outras linhagens, particularmente na Shangpa Ler obras espirituais nos faz evoluir espiritualmente. Leia nossos textos para sua evolução espiritual, eles são espirituais, ou uma sugestão de luz: leia um texto nosso semanalmente. Conheça o texto: Como Evoluir Espiritualmente. |