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Mas se a Grande Prática é a recitação do
Nenbutsu, esta recitação não é aquela que fazemos quando pensamos em recitar
o Nenbutsu e dizemos Namu Amida Butsu. Uma recitação realizada por
nós não é a Grande Prática. Pode ser, isto sim, uma conseqüência da Grande
Prática. Recitando o Nenbutsu por nós, Amida nos chama, buscando acordar-nos
para Sua existência e Sua ação, que são a condição única para nossa
salvação. Chamando-nos, Amida tenta nos fazer ver que estamos sendo
conduzidos, de modo infalível, à Plenitude. O chamado do Buddha é a Grande
Prática, o Nenbutsu do Outro Poder. Com este chamado, nossa atenção vai
sendo orientada em sua direção. O lugar de onde Amida nos chama é a Terra
Pura. Estamos aqui neste Saha (mundo de ilusão) e Amida, de lá da Terra
Pura, nos chama. Imaginemos que estivéssemos numa rua e alguém nos chamasse.
Naturalmente nos voltaríamos para a direção de onde o chamado viesse. Para
lá, nossa atenção seria atraída, em virtude do chamado. Por isso o Voto
inusitado do Bodhisattva Dharmakara. Ao invés de retornar ao mundo, como
fazem, em geral, os Bodhisattvas, Dharmakara concebeu buscar entrar no
Nirvana, desde que de lá pudesse abrir as portas do Nirvana a todos os seres
através do chamado. É do interior da Terra Pura que vem o chamado que ressoa
no Saha, no Samsara. E este chamado vem para todos, indiscriminadamente, sem
condições, sem requisito de virtude ou qualificação. Se fosse de outra
forma, sempre haveria alguém que não seria salvo pelo Voto, por não alcançar
as qualificações e a libertação não seria universal. Mas o chamado se dirige
a todos igualmente. Chama o ser humano, tal como ele é aqui e agora.
Chama-nos já, neste instante mesmo, enquanto ainda somos falíveis,
mesquinhos, errôneos. O chamado não indaga como somos. Quer apenas
libertar-nos, salvar-nos do sofrimento em que nos debatemos neste mundo de
cegueira e ignorância.
A Prática de Amida, a Grande Prática, este
chamado do Buddha a todos os seres para que sejam libertados tal como são, é
a única oniabrangente, universal. As pequenas práticas são todas parciais e
seletivas pois se restringem àqueles que são capazes de realizá-las. E a
Grande Prática foi formulada porque a natureza Búddhica sabe quão pouco o
homem pode ou consegue fazer para libertar-se. Mas o Poder da natureza
Búddhica é ilimitado e para ela não há obstáculos. Por isso também, a Grande
Prática é a única prática perfeita por ser concebida e praticada pelo
Buddha. E toda pequena prática é imperfeita justo porque foi concebida e é
praticada por seres imperfeitos como nós. Tolos como somos, primeiro achamos que temos
que nos libertar a nós mesmos. Confiamo-nos ao que concebemos como
instrumento de transformação de nós mesmos e dedicamo-nos às pequenas
práticas. Ao início, não temos ainda atenção ao que está sendo feito por nós
e o queremos fazer por nós mesmos. É como se quiséssemos levar água a uma
fonte para que o rio existisse. Só que da fonte já jorra água e o rio corre
sem que o percebêssemos. E da fonte sempre jorra mais água do que aquela que
lhe poderíamos levar pois não somos fontes. A pouca água que conseguíssemos
levar, de uma fonte foi vertida.
Eis porque o Buddhismo da Terra Pura, surge como fecho de
conclusão da mensagem de Siddhartha Gautama, o Buddha histórico. Anuncia
o que, ao fim, descobrimos: o Buddha faz pelo homem o que o homem não é
capaz de fazer por si mesmo e o faz exatamente por isso.
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