Versos a Amitabha
O Poema da Verdadeira Fé no
Nenbutsu
Eu confio no Tathagata da vida
imensurável E tomo refúgio na luz inefável. O
Bodhisattva Dharmakara, durante seu estado causal
Achando-se na presença do Buddha Lokeshvara-raja,
E
tendo examinado as causas das Terras Puras dos Buddhas E
o bem e o mal destas Terras Puras e dos planos celestes e
humano, Estabeleceu o mais excelso e o mais sublime voto
E fez surgir o extraordinário e grande voto universal.
Depois de meditar durante cinco éons, ele escolheu o
melhor Dos votos e de novo jurou que seu nome seria
ouvido nas dez direções. Por toda a parte emite ele a luz
imensurável e iluminada. A desimpedida, incomparável e
majestosa chama de luz,
A luz da pureza, da alegria e
da sabedoria, A incessante, inconcebível e inominável
luz, A luz que, sobrepujando o sol e a lua, ilumina a
poeira dos mundos. Todos os seres sensíveis são
beneficiados pelo esplendor dessa luz.
O nome do voto
original é o ato que garante a reta segurança. Este tem
por causa o voto da sincera e serena fé. O alcance da
iluminação equânime e a realização do grande nirvana São
devidos à concretização do voto que garante a infalível
obtenção do nirvana.
A razão da manifestação do
Tathagata no mundo É unicamente a pregação do voto
original de Amitabha, semelhante ao oceano. O oceano de
numerosos seres, nesta época vil das cinco corrupções,
Deveria crer nas palavras verdadeiras do Tathagata.
Se o pensamento único de alegria é despertado em nossa
mente, Mesmo sem que as paixões sejam extirpadas,
atingimos o nirvana. Quando os simples, os sábios, os
perversos e os detratores forem todos convertidos, Serão
como as águas unidas num só sabor ao se misturarem no
oceano.
A luz espiritual que nos abraça, eternamente
resplandece, protegendo-nos; Ainda que ela já tenha
dissipado as trevas da ignorância, As nuvens e a neblina
da avidez, do desejo, da ira e do ódio Sempre toldam os
céus da verdadeira fé.
É como se, ainda que o sol
fosse toldado por nuvens e neblina, Sob elas existisse a
luz, sem que houvesse trevas. Quando recebemos a fé,
vemos e veneramos o voto, alegramo-nos grandemente e
transcendemos, Instantânea e horizontalmente, os cinco
planos do mal.
Todos os homens profanos, bons ou
maus, Ouvindo o voto universal do Tathagata e nele
crendo, São louvados por Buddha como homens de grande e
superior compreensão. Tais pessoas são também chamadas de
lótus brancos.
O nenbutsu do voto original do Buddha
Amitabha, Para os seres maus, dotados de opiniões
errôneas e de arrogância, É extremamente difícil de ser
acreditado e retido; Dentre todas as dificuldades,
nenhuma é superior a essa.
Autores de tratados da
Índia, da Terra do Ocidente, e insignes Mestres do País
do Centro e da Terra do Sol Nascente revelaram O correto
propósito da manifestação do grande sábio E esclareceram
que a promessa original do Tathagata harmoniza-se com a
capacidade dos homens.
Shakya, o Tathagata, no monte
Lanka, Pregou à multidão que, no sul da índia, O
grande ser Nagarjuna se manifestaria no mundo, Destruindo
totalmente as opiniões sobre o ser e o não-ser;
Exporia ele a mais excelsa doutrina do Grande Veículo;
Alcançando o estado de alegria, nasceria ele na Terra da Paz
e da Bem-Aventurança. Revelou ele que a prática difícil é
penosa como percorrer uma estrada terrestre E insistiu
para crermos que a prática fácil é agradável como navegar
sobre a água.
Disse ele que, quando a fé contínua no
voto original do Buddha Amitabha for despertada, No mesmo
instante ingressamos espontaneamente no estado firmemente
assegurado, E que, pronunciando sempre apenas o nome do
Tathagata, Devemos expressar nossa gratidão para com o
grande e misterioso voto.
O Bodhisattva Vasubandhu,
compondo um tratado, professou Que ele próprio se
refugiou no Tathagata da Luz Sem Impedimento; Baseando-se
nos sutras, revelou a verdade e elucidou O grande voto
para a transcendência horizontal.
Disse ele que,
quando a fé é suscitada em um desiludido e corrupto homem
vulgar, Este se torna consciente de que o nascimento e a
morte são idênticos ao nirvana E que depois dele
alcançar, infalivelmente, a Terra da Luz Imensurável, Há
de salvar universalmente todos os seres viventes.
Tao-chao assegurou ser difícil o iluminar-se através do
caminho dos sábios, Esclarecendo que só o caminho da
Terra Pura nos é viável. Ele desprezou a prática de
milhares de boas ações através do poder interno E animou
a recitação exclusiva do nome carregado de perfeitas
virtudes.
Advertiu-nos consideradamente contra os
três aspectos da fé impura, Insistindo na manutenção dos
três aspectos da fé pura. Piedosamente orientou as
pessoas das eras do Dharma correto, da imagem do Dharma e da
extinção do Dharma. Disse que, ao encontrarmos o voto
universal, mesmo praticando o mal a vida inteira,
Alcançaremos a Terra da Serena Sustentação e realizaremos o
maravilhoso resultado.
Só Chan- tao nos esclareceu
sobre a real intenção de Buddha. Compadecendo-se dos
praticantes de asceses meditativas e não-meditativas e dos
perversos e malvados, Revelou que a luz e o nome são
causa e condição da salvação E encaminhou-os para o
oceano da grande sabedoria do voto original.
Disse
que, quando o adepto recebe o coração adamantino,
Harmonizando-se com sua mente pelo pensamento único de
alegria, Obtém as três certezas, como a senhora Vaidehi,
e realiza A bem-aventurança eterna da essência da lei.
Genshin expôs amplamente os ensinamentos do tempo da
vida de Buddha, Mas tomou refúgio exclusivo na Terra da
Serena Sustentação, o que recomendou a todos. Mostrando
que a fé da prática exclusiva é profunda e a das práticas
mistas superficiais, Revelou claramente as diferenças
entre a Terra da Recompensa e a Terra Transformada.
Disse que os perversos carregados de pesados males só devem
recitar o nome de Buddha E declarou-se abrangido em seu
abraço; Apesar de seus olhos toldados pelas paixões, não
conseguirem vê-las. Proclamou que a grande compaixão
sempre o iluminava, sem nunca empalidecer.
Genku,
mestre desta escola, bem versado no buddhismo,
Apiedava-se do homem vulgar, fosse bom ou mau. Disseminou
os ensinamentos da verdadeira doutrina nas ilhas
Longínquas e propagou o selecionado voto original neste
mundo mau.
Disse que nosso regresso à casa do ciclo
de nascimento e mortes Deve-se, forçosamente, à dúvida
que a ele nos prende e que nosso Imediato ingresso na
Capital da Tranqüilidade e da Plenitude do
Intransformável é necessariamente causado pela fé que nos
faz nela penetrar.
Os grandes seres e os mestres que
propagaram os sutras Salvaram inúmeros homens,
extremamente corruptos e maldosos. Os homens de nossa
época, sejam clérigos ou leigos, devem, unanimemente,
Crer somente no que esses nobres mestres ensinaram.

Desde que Amitabha tornou-se
Buddha Já se passavam dez éons! Sem limites é a
auréola de seu Dharmakaya Que ilumina a cegueira do
mundo.
Imensurável é a luz da sabedoria! Nenhuma
das formas mensuráveis Deixa de receber sua luz matinal.
Tome refúgio na verdadeira luz!
Iluminada é a auréola
da liberação! Foi dito que todos os que recebem o toque
de sua luz Vão se libertar do ser e do não-ser. Tome
refúgio no equânime despertar!
As nuvens de luz são
desimpedidas como o espaço! Nenhum impedimento as afeta.
Nada deixa de receber o frescor dessa luz. Tome refúgio
no inefável!
Incomparável é a pura luz! Ao ser
encontrada essa luz, Todos os laços kármicos são
rompidos. Tome refúgio no último abrigo!
A luz
búddhica refulge com supremo brilho! Seu nome é Buddha
Soberano das Chamas Fulgurantes! Rompe as trevas dos três
planos do mal! Tome refúgio no grande arhat!
Ele é
chamado Amitabha Porque observa os seres seguidores do
nenbutsu Nos mundos das dez direções, numerosos como
grãos de pó, Porque os abraça e jamais os abandona.
Os Buddhas, inumeráveis como as areias do Ganges ou os
grãos de pó, Desprezando o pequeno bem das numerosas
práticas, São unânimes a exortar em exclusivo A fé no
nome impensável.
Os Buddhas das dez direções,
numerosos como as areias do Ganges, Pregam o Dharma tão
difícil de se crer; Em benefício dos mundos maléficos das
cinco impurezas, Testemunham o real e dispensam
proteções.
A proteção e o testemunho dos Buddhas
Derivam da realização do voto da compaixão. Os que
obtiverem a mente adamantina Devem retribuir o grande
benefício de Amitabha.
A todos os seres maculados e
com visão errônea Dos maus tempos dos maus mundos das
cinco impurezas, Os Buddhas, numerosos como as areias do
Ganges, Oferecem o nome de Amitabha e aconselham sua
crença.
Recito o nome de Amitabha. Os que em
verdade recebem a fé Com o pensamento de Buddha sempre
presente Almejam retribuir a benevolência búddhica.
Se recitarmos o Namu Amida Butsu, O grande
rei-demônio do paraíso Paranirmita Diante do Buddha
Shakyamuni Jurou com certeza nos defender.
Todos
os deuses do céu e da terra Foram chamados de demônios
benfazejos. Todas essas divindades benévolas Protegem
os seguidores do nenbutsu.
Sendo a fé no poder
inefável do voto O próprio coração do grande despertar,
Temem-na com unanimidade Os demônios maléficos que
enxameiam nos céus e na terra.
Se recitarmos o Namu
Amida Butsu, Avalokiteshvara e Mahasthama Com os
Bodhisattvas numerosos como as areias do Ganges ou grãos de
pó Vão nos seguir como a sombra de nosso corpo.
Na
luz do Buddha da luz sem impedimento, Estão inumeráveis
Buddhas Amitabha; Cada uma dessas emanações búddhicas
Protege a fé verdadeira.
Se recitarmos o Namu Amida
Butsu, Os inumeráveis Buddhas das dez direções
Formarão milhares de círculos ao nosso redor,
Defendendo-nos com alegria.
Shakyamuni e Amitabha são
pai e mãe compassivos, Com inumeráveis e hábeis meios
benéficos Fazem despertar em nós A suprema fé.
Sendo dotados de mente adamantina, Aqueles que atingiram
a fé Os mestres os proclamam semelhantes Aos que fazem
confissão nos três graus.
Nós que estamos no mau
mundo das cinco impurezas, Só através da fé adamantina
Podemos abandonar de vez os nascimentos e mortes E
atingir a Terra Pura da espontaneidade.
Espreitando o
momento do firmar Da fé adamantina inquebrantável A
luz do coração de Amitabha nos envolve e protege,
Afastando-nos de vez dos nascimentos e mortes.
Ensina-se que aos que não obtém a fé Está faltando o
empenho de todo coração. Saiba que os que não se empenham
de todo coração Não terão em si a tríplice fé.
Os
que obtêm a fé beneficiadora, Estarão ao alcance do voto.
Por isso, segundo a doutrina e as palavras búddhicas, Não
são afetados por más condições externas.
Louvando os
que seguem a prática seleta, Dizemos que em mil nem um só
deixa de ir-nascer. Censurando os que seguem as práticas
mistas, Dizemos que em dez mil nem um só vai nascer.
Diz o mestre que não são muitos Os que vão nascer na
Terra Pura da retribuição E diz também que não são poucos
Os que vão nascer na terra da transformação.
Para que
homens e mulheres nobres e plebeus Recitem o nome de
Amitabha, Tanto faz estar andando de pé, Locais ou
condições especiais.
Com os olhos toldados pelas
paixões, Não vemos a luz que nos abraça. Mas a grande
compaixão nunca hesita, Ela sempre nos ilumina.
Os
que almejam a Terra de Retribuição de Amitabha Podem
diferir no aspecto exterior, Mas ao receber a crença no
nome do voto original Jamais deverão olvidá-lo.
Os
seres pesados com suas atrozes perversidades Não
encontram outra via de salvação. Só recitando com empenho
total o nome de Amitabha Nascerão na Terra Pura, foi
dito.
Disse o Buddha da Luz Sem Impedimento Que
beneficiará os seres do futuro Quando transmitiu ao
grande Bodhisattva Mahasthama O nenbutsu da sabedoria.
Compadecendo-se dos seres do mundo impuro, Mahasthama
exorta-os ao nenbutsu. Abraçando os homens de fé,
Encaminha-os para a Terra Pura.
Da compaixão de
Shakyamuni e de Amitabha Obtém-se o anseio de tornar-se
Buddha. Ingressando na fé da sabedoria, Torna-se
alguém grato para com o benefício búddhico.
Obtém-se
a fé da sabedoria Graças ao poder do voto de Dharmakara.
Sem a fé da sabedoria, Como se despertaria para o
nirvana?
Há uma lâmpada acesa na longa noite da
ignorância, Não se entristeça com a cegueira do olho da
sabedoria! Há uma barca no oceano dos nascimentos e
mortes, Não lamente o peso das culpas kármicas!
Sendo sem limites o poder do voto, As mais pesadas culpas
kármicas tornam-se leves. Sendo ilimitada a sabedoria
búddhica, Nem é preciso rejeitar a dispersão e a
negligência.
Os que crêem profundamente No voto da
grande compaixão de Amitabha Devem, constante e
incessantemente, Recitar o Namu Amida Butsu.
Os
que seguem o portal do caminho santo Têm por fundamento o
pensamento do auto-poder. Ao ingressar no mistério do
outro poder, Aprendem o sentido do não-sentido e nele
crêem.
Existem as doutrinas de Shakyamuni. Mas,
não havendo seres capazes de praticá-las, É dito que
ninguém, no fim do Dharma, Há de obter a iluminação.
Os mestres da Terra Pura dos três reinos, Com seu
abraço compassivo, Aconselham a verdadeira fé,
Impelindo os seres ao grau sem retorno.
Os que obtêm
a fé do poder externo São tão respeitados com tanta
alegria Que são louvados pelo mestre honrado do mundo,
Que os declara seus amigos íntimos.
Devemos retribuir
a graça da grande compaixão búddhica, Mesmo reduzindo
nosso corpo a pó. Devemos agradecer os benefícios dos
mestres, Mesmo despedaçando nossos ossos.
O grande
compassivo salvador do mundo, príncipe Shôtoku, É para
mim como que um pai. A grande compassiva salvadora do
mundo, Avalokiteshvara, É para mim como que uma mãe.
Como uma prova de sua grande compaixão, Desde um
passado imemorial até esta vida, Mostrou que, segundo a
inefável sabedoria búddhica, Não há bem e mal, puro e
impuro.
O príncipe Shôtoku, apóstolo do Japão,
Deixou profundos benefícios, difíceis de serem retribuídos.
Nele tomemos refúgio de todo coração. Jamais deixando de
louvá-lo.
O augusto príncipe, com meios hábeis,
Compadecido do povo do Japão, Difundiu o voto compassivo!
Deve ele ser louvado com alegria!
Desde inúmeras
vidas em remotos éons até o presente Temos sido o objeto
de sua compaixão. Tomemos refúgio nele de todo coração
E alegremo-nos em louvá-lo sem cessar.
A compaixão do
príncipe Shôtoku Sem cessar nos defende e nos educa. É
ele quem nos exorta a aceitar As duas graças do
Tathagata.
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