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Jûgyû-no-zu
As Dez Figuras do Apascentar do Boi Entre as várias formulações dos níveis de realização do Zen,
nenhuma é mais amplamente conhecida do as Figuras do Apascentar do Boi, uma
seqüência de dez ilustrações com comentários em prosa e verso. É
provavelmente por causa da natureza sagrada do boi na antiga Índia que esse
animal veio a ser usado como símbolo da natureza primária do homem, ou
natureza búddhica. 1. Procurando o boi
O
boi nunca se extraviou realmente, então por que procurá-lo? Tendo dado as
costas à sua verdadeira natureza, o homem não pode vê-lo. Por causa de sua
corrupção, perdeu de vista o boi. Repentinamente, defronta-se com um
labirinto de caminhos cruzados. A ambição de ganhar terreno e o pavor da
perda surgem como chamas extintas; idéias de certo e errado projetam-se como
adagas. Desolado através das florestas e aterrorizado nas selvas, ele
procura um boi que não encontra. 2. Encontrando os rastros
Através
dos sutras e dos ensinamentos, ele distingue os rastros do boi. Foi
informado que, assim como vasos de ouro de diferentes feitios são
basicamente do mesmo ouro, também cada e toda coisa é uma manifestação do
si. É, porém, incapaz de distinguir o bem do mal, a verdade da mentira. Não
passou realmente pelo portão, mas tenta ver os rastros do boi. Viu pegadas sem número 3. Primeiro vislumbre do boi
Se
ele apenas escutar atentamente os sons cotidianos, chegará à compreensão e
no mesmo instante verá a verdadeira fonte. Os seis sentidos não são
diferentes dessa verdadeira fonte. Em qualquer atividade a fonte está
manifestamente presente. É algo análogo ao salto na água ou à liga na tinta.
Quando a visão interior está corretamente focalizada, chega-se à compreensão
de que aquilo que é visto é idêntico à verdadeira fonte. Um rouxinol gorjeia num ramo, 4. Agarrando o boi
Hoje
ele encontrou o boi, que tinha estado longamente concorveando nos campos
agressores e realmente o agarrou. Por tanto tempo ele demonstrou nestes
arredores que não era fácil fazê-lo romper com os velhos hábitos. Continua
com os velhos hábitos. Continua a ansiar por pastagens cheirosas, é ainda
obstinado e indomável. Se o homem quiser domá-lo inteiramente, tem de usar
seu chicote. Ele precisa agarrar o laço com firmeza e não deixá-lo escapar 5. Domando o boi
Ao
surgir um pensamento, outro e mais outro nasceram. A iluminação traz a
compreensão de que esses pensamentos não sã irreais, já que brotam de nossa
verdadeira natureza. É somente porque a ilusão ainda permanece que eles são
considerados irreais. Esse estado de ilusão não tem origem no mundo
objetivo, mas em nossas próprias mentes. Ele deve segurar com firmeza o cabresto e não permitir ao boi
vaguear 6. Montando no boi e trazendo-o de volta à
casa
Cessou
a luta, ganho ou perda não mais o afetam. Ele cantarola melodias rústicas
dos lenhadores e toca os cantos simples das crianças da aldeia. Montando no
boi, contempla serenamente as nuvens no alto. Não volta a cabeça na direção
das tentações. Embora alguém possa tentar perturbá-lo, permanece impassível. Cavalgando livre como o ar, ele volta animadamente para casa 7. O boi foi esquecido, ele está só
No
Dharma não há dualidade. O boi é a natureza primária; ele o reconheceu
agora. Uma armadilha não é mas necessária quando se apanhou um coelho, uma
rede torna-se inútil quando se pegou um peixe. Como o ouro separado da
escória, como a lua que atravessa as nuvens, um raio de luz brilha
eternamente. Somente no boi poderia chegar à casa 8. Esquecido do boi e de si mesmo
Todos
os sentimentos ilusórios pereceram e as idéias de sanidade também se
extinguiram. Ele não permanece no estado de "Eu sou um buddha" e supera
rapidamente o estágio de "Agora me purifiquei do orgulhoso sentimento de que
não sou buddha". Mesmo os mil olhos dos quinhentos buddhas e ancestrais não
podem discernir nele uma qualidade específica. Se centenas de pássaros
fossem agora juncar de flores o seu quarto, ele não poderia envergonhar-se
de si mesmo. O chicote, o laço, o boi e o homem pertencem igualmente ao vazio. 9. Voltando à fonte
Desde
o puro princípio não houve tanto quanto um grão de poeira para macular a
pureza intrínseca. Ele observa o crescer e o descrever da vida no mundo,
enquanto permanece imparcial num estado de imperturbável serenidade. Esse
crescer e decrescer não é fantasma ou ilusão, porém uma manifestação da
fonte. Por que então há necessidade de lugar por alguma coisa? As águas são
azuis, as montanhas verdes. Só consigo mesmo ele observa a mudança
incessante das coisas. Ele voltou à origem, retornou à fonte,
10.
Entrando na praça do mercado com mãos serviçais
O portão de sua casinha está fechado e mesmo os mais sábios não
podem encontrá-lo. Seu panorama mental desapareceu por fim. Segue seu
próprio caminho, não tentando seguir os passos dos antigos sábios.
Carregando uma cabaça, passeia pelo mercado; apoiado em seu bordão, volta
para casa. Ele guia os estalajadeiros e os peixeiros no Caminho do Buddha. Com o peito descoberto e descalço, ele entra na praça do mercado. (Shien, Kakuan. As dez figuras do
apascentar do boi com comentário e versos. Ler obras espirituais nos faz evoluir espiritualmente. Leia nossos textos para sua evolução espiritual, eles são espirituais, ou uma sugestão de luz: leia um texto nosso semanalmente. Conheça o texto: Como Evoluir Espiritualmente. |