Como Atingir o Samadhi
O melhor modo para atingir o samadhi [absor��o meditativa] �
aprend�-lo atrav�s da pr�tica da medita��o sentada. Depois de termos
praticado suficientemente a medita��o sentada por um longo de per�odo de
tempo, descobriremos que somos capazes de entrar em samadhi quando
caminharmos nas florestas, ao lado de um rio na montanha ou no meio de uma
campina. Logo ap�s este estado ser atingido, descobriremos que somos capazes
de entrar em samadhi at� mesmo em uma rua agitada no meio de uma cidade
barulhenta. Os estados de samadhi podem ser fr�geis no come�o, mas com a
pr�tica tornam-se muito fortes.
No in�cio, devemos aprender como
entrar em samadhi em uma sala quieta com poucas distra��es. A luz deve ser
reduzida mas a sala n�o deve estar escura, pois a escurid�o pode induzir ao
sono. � bom ter um altar ao Buda em sua sala de medita��o e � bom curvar-se
diante do Buda e acender incenso antes de come�ar a meditar. Junte seus
pensamentos enquanto acende o incenso e focalize sua aten��o sobre o Buda.
Seu assento n�o deve estar no vento ou no sol, e sua sala de medita��o n�o
deve ser �mida. O objetivo da medita��o � elevar sua consci�ncia e n�o o de
faz�-lo ficar doente.
Roupas folgadas e confort�veis devem ser
vestidas para a medita��o, e o est�mago n�o deve estar cheio de comida.
Depois de comer, � melhor esperar pelo menos uma hora depois antes de
come�ar a meditar. Aprendendo como controlar e pacificar estas tr�s �reas de
nosso ser, aprendemos como perceber a beleza maravilhosa do Buda que j� est�
dentro de n�s.
A grandeza do samadhi
� como a grandeza de um rei
porque o
samadhi controla tudo.
� do Shastra Mahaprajnaparamita
Controle do corpo
Os sete aspectos do Buda Vairochana sentado s�o um fundamento
b�sico para a medi��o budista. Discutiremos estes sete aspectos abaixo.
1. A posi��o de l�tus. Falando de modo geral, a posi��o de l�tus
� a melhor posi��o para a medita��o sentada. A posi��o de l�tus completo �
uma posi��o de pernas cruzadas em que o p� descansa sobre o topo das coxas,
bem acima dos joelhos. A posi��o de meio-l�tus � uma posi��o de pernas
cruzadas em que apenas um p� descansa no topo de uma coxa, enquanto o outro
p� descansa abaixo da outra coxa. A posi��o de l�tus completo � considerada
a melhor posi��o para a medita��o porque estabiliza o corpo muito
efetivamente. Se esta posi��o for desconfort�vel, a posi��o de meio-l�tus
deve ser usada. Se esta posi��o tamb�m for desconfort�vel, n�o h� problema
em meditar sentado sobre uma cadeira ou sobre um banquinho baixo designado
para medita��o. A coisa mais importante sobre qualquer posi��o que escolha �
que suas costas estejam eretas e que n�o toquem qualquer coisa.
As
fontes chinesas geralmente reconhecem dois tipos de posi��o de l�tus
completo. A posi��o em que o p� esquerdo � colocado sobre a coxa direita e
ent�o o p� direito � colocado sobre a coxa esquerda � usada para obter
b�n��os e � chamada a "posi��o auspiciosa". Quando a ordem de coloca��o dos
p�s sobre as coxas � invertida, a posi��o � usada para subjugar
dem�nios e � chamada a "posi��o de subjugar dem�nios".
2. Posi��o
das m�os. Uma vez que uma posi��o sentada seja adotada, as m�os devem
descansar confortavelmente no colo, com as costas de uma m�o descansando
sobre a palma da outra. As pontas dos polegares devem tocar levemente uma �
outra. Esta posi��o � muito boa para a circula��o de energias dentro do
sistema � chamada mudra do dharmadhatu.
3. Posi��o das
costas. J� que a espinha � o principal centro nervoso do corpo, onde as
energias das extremidades se juntam, � importante que a espinha esteja ereta
enquanto se medita. As pessoas que t�m costas fracas ou que n�o est�o
acostumadas a se sentar sem qualquer suporte podem precisar de algum tempo
para se acostumarem a se sentar deste modo. A maioria das pessoas � capaz de
se sentar corretamente sem muita pr�tica. A espinha deve estar ereta na
medita��o, mas n�o deve estar r�gida, dura ou ereta de forma desnatural.
Acima de tudo, devemos nos sentir relaxados e confort�veis em nossa posi��o
de medita��o. Antes de tudo, devemos desfrutar o ato f�sico de se sentar
para meditar.
4. Posi��o dos ombros e do t�rax. Os ombros
devem ser mantidos confortavelmente para atr�s, em uma posi��o que permita
que o t�rax relaxe para que a respira��o possa fluir suavemente.
5. Posi��o do pesco�o e da cabe�a. Tanto a cabe�a quanto o pesco�o devem
ser mantidos eretos. Se a cabe�a se inclinar muito para frente, a circula��o
atrav�s do pesco�o n�o ser� a melhor. Se vistas de lado, as orelhas devem
estar alinhadas diretamente acima com os ombros. Esta posi��o permite que a
respira��o viaje suavemente atrav�s do nariz at� os pulm�es e fornece uma
circula��o excelente atrav�s do abd�men e da cavidade tor�cica. Alguma
aten��o deve ser dada aos m�sculos atr�s do pesco�o. Se estes m�sculos
estiverem relaxados e bem alinhados, as costas inteiras geralmente cair�o na
posi��o natural muito facilmente.
6. Posi��o da boca. A
mand�bula e os l�bios devem estar levemente fechados. A ponta da l�ngua deve
estar gentilmente atr�s dos dentes frontais superiores.
7. Os
olhos. Os meditadores iniciantes geralmente praticar�o melhor se
manterem seus olhos levemente abertos e olharem fixamente para algo a meio
ou um metro � frente. Isto ajudar� a impedir a sonol�ncia.
Estes sete
pontos s�o b�sicos para nossa postura f�sica enquanto estivermos meditando.
Abaixo mencionarei mais oito pontos que tamb�m s�o importantes para atingir
uma posi��o de medita��o confort�vel e efetiva.
1. Paz. Nosso
assento e nossa sala em que meditamos devem estar arrumados de um modo que
seja condutivo a sentimentos de paz e conforto.
2. N�o estar
constringido. Roupas apertadas, cintos, rel�gios, �culos, j�ias ou
qualquer outra pe�a que constrinja a circula��o devem ser soltos ou
removidos antes de meditar.
3. O assento. Se estivermos usando
a posi��o de l�tus ou meio-l�tus, devemos nos sentar sobre uma almofada
confort�vel que n�o deslize ao redor nem mude facilmente a sua forma. Uma
boa almofada deve ser grande o suficiente para suportar as pernas e os
joelhos, e deve ter cerca de quatro dedos de grossura.
Se esta
posi��o n�o for confort�vel, um banquinho baixo designado para medita��o
pode ser usado, assim como a ponta de uma cadeira ou a ponta de uma cama
dura. A postura � importante na medita��o. Por�m, como os corpos e os
h�bitos das pessoas variam muito, � imposs�vel estabelecer apenas uma ou
duas regras para sentar. Novamente, o conforto e uma espinha ereta que n�o
toque qualquer coisa s�o b�sicos para todas as boas posi��es de medita��o.
4. Cobrir os joelhos. J� que a nossa circula��o diminui durante a
medita��o, � importante que os seus joelhos sejam mantidos quentes. Se o
tempo estiver frio, eles devem ser cobertos com um pequeno cobertor ou pano.
5. Purificar a respira��o. Repita a seguinte a��o tr�s vezes:
inale atrav�s do nariz e exale atrav�s da boca. Enquanto exalar, imagine que
est� exalando as toxinas e m�culas do seu sistema. Tanto as suas inala��es
quanto as exala��es devem ser lentas e atentas. Se n�o se sentir relaxado
depois de fazer este exerc�cio, repita-o.
6. Vire seu corpo
algumas vezes em ambas as dire��es e ent�o se sente quietamente, sem se
mover mais. Se a sua posi��o n�o parecer correta, vire-se novamente e se
sente quietamente de novo. � muito importante se sentar enquanto estiver
meditando. Movimentos ocasionais podem ser tolerados, mas todo meditador
deve se esfor�ar para atingir longos per�odos de tempo durante os quais n�o
haja qualquer movimento do corpo.
7. A face. Assim como todas
as outras partes do corpo, a face deve estar relaxada. Um sorriso bem leve,
se isto for natural, � uma boa express�o facial para meditar. A pr�pria face
n�o deve ser r�gida ou severa.
8. As costas n�o devem se
apoiar em qualquer coisa. Durante a medita��o, as energias dentro do sistema
naturalmente come�ar�o a retroceder na espinha e ent�o subir�o dentro dela.
Se as costas estiverem apoiadas em alguma coisa, este fluxo natural ser�
bloqueado.
As tr�s coisas mais b�sicas a se lembrar sobre sua posi��o
de medita��o s�o o conforto, a imobilidade e uma espinha ereta que n�o
esteja apoiada em qualquer coisa. A medita��o deve ser agrad�vel e assim
devemos nos fazer o t�o confort�veis quanto poss�vel. A imobilidade durante
a medita��o ajuda-nos a arrear e elevar todas as energias presentes em nosso
sistema. Uma espinha ereta, que n�o esteja apoiada em qualquer coisa. cria o
canal para essas energias subirem em dire��o aos centros superiores.
O samadhi � como a �gua pura e clara
Pois pode limpar todas as
m�culas.
� do Grande Tratado sobre a Perfei��o da Sabedoria
Controle da respira��o
O objetivo b�sico do controle da respira��o � o de transformar a
respira��o �spera ou pesada em em uma respira��o mais lenta e refinada. Uma
vez que o corpo esteja im�vel e que a respira��o esteja controlada, a mente
naturalmente se tornar� mais calma. Quando falamos de "controlar" a
respira��o, � importante lembrar que n�s a controlamos observando-a. Se
tentar for�ar sua respira��o a se tornar calma, voc� apenas causar�
problemas. A simples observa��o da respira��o � o melhor modo de faz�-la
ficar lenta e calma. As fontes chinesas geralmente reconhecem quatro tipos
de respira��o.
1. Respira��o ventosa. Este tipo de respira��o
faz sons nas narinas.
2. Respira��o irregular. Este tipo de
respira��o � quieto, mas � irregular e �s vezes p�ra e come�a.
3.
Respira��o n�o-refinada. Este tipo de respira��o � quieto e regular, mas
n�o � refinado. N�o � t�o confort�vel quando no quarto tipo de respira��o.
4. Respira��o correta. Este tipo de respira��o � quieto, regular,
refinado, muito pac�fico e agrad�vel. Este tipo de respira��o traz grande
paz � mente e ao cora��o.
Este quarto tipo de respira��o � mais
rapidamente atingido simplesmente observando a respira��o. Se tentar se
for�ar a respirar ou a se sentir de um certo modo, voc� provavelmente
falhar�. A paz que voc� cria ao seu redor na medita��o continuar� a crescer
com a pr�tica. Em tempo, voc� descobrir� que pode atingir paz e calma
facilmente. Quando a respira��o e o corpo est�o pac�ficos, a mente tem um
lugar do qual pode contemplar e compreender a si mesma com sucesso. Quando a
respira��o e o corpo est�o pac�ficos, a mente pode entrar em samadhi.
A import�ncia da respira��o pode ser vista na seguinte passagem dos
Seis Ensinamentos Maravilhosos, um livro muito influente que registra um
discurso dado pelo grande monge Chih-i (538-597) no templo Wa-kuan na
presente prov�ncia de Jiangsu. A data precisa deste discurso n�o �
conhecida.
A "porta maravilhosa do seguir" abre o caminho para os dezesseis
dharmas excepcionais. O primeiro destes dharmas � observar a inala��o da
respira��o. O segundo � observar a exala��o da respira��o. O terceiro �
observar a dura��o da respira��o. A quarta � observar a respira��o preencher
o corpo inteiro. O quinto � eliminar todos os movimentos corporais. O sexto
� absorver a felicidade na mente. O s�timo � absorver a alegria na mente. O
oitavo � absorver todas as atividades mentais na mente. O nono � criar
felicidade na mente. O d�cimo � unir todas as atividades da mente. O d�cimo
primeiro � descobrir a libera��o na mente. O d�cimo segundo � contemplar a
imperman�ncia. O d�cimo terceiro � contemplar a dispers�o de todas as
coisas. O d�cimo quarto � contemplar o estado sem desejos. O d�cimo quinto �
contemplar a extin��o. O d�cimo sexto � contemplar o n�o-apego perfeito.
Controle da mente
A mente n�o-treinada tem uma mente pr�pria. Os meditadores muitas
vezes a comparam a um macaco b�bado que vaga atrav�s da floresta sem rumo,
sem entendimento e sem o menor auto-controle. Nossas mentes parecerem
pertencer a n�s, mas assim que sentamos com a id�ia de que gostar�amos de
dar uma olhada mais de perto em seus trabalhos, descobrimos que elas
realmente n�o nos obedecem.
O Shastra Yogacharabhumi diz que
h� nove n�veis diferentes de equil�brio meditativo ou "perman�ncia mental".
Podemos come�ar a aprender como controlar nossas mentes estudando estes
est�gios de equil�brio e os comparando com nossa pr�pria medita��o.
1. Perman�ncia interiorizada. Este � o primeiro est�gio. Neste
est�gio, voltamos nossa aten��o do exterior e a puxamos completamente para
dentro.
2. Perman�ncia equilibrada. No come�o deste est�gio, a
mente � interiorizada, mas sua consci�ncia � descont�nua e aleat�ria.
Primeiro h� um tipo de consci�ncia, ent�o outro e ent�o outro. O modo de
trabalhar com este tipo de estado mental � permitir que seus pensamentos
fluam. Siga-os de momento a momento sem se tornar apegado a eles. Com a
pr�tica, este tipo de consci�ncia descont�nua gradualmente se assenta em um
estado de serenidade pac�fica onde a consci�ncia � clara e equilibrada.
3. Perman�ncia pac�fica. Este est�gio � caracterizado por uma
maravilhosa calma e paz. A chegada deste est�gio � como a chegada do tempo
de outono em climas temperados. Ele n�o vem todo de uma vez. Quando o fim do
ver�o se move para o outono e o inverno, o esfriamento esfriamento gradual
da terra � manifestado aos poucos. Um mero dia ou dois de temperaturas frias
em setembro ser� seguido por s�ries de tr�s ou quatro dias de temperaturas
ainda mais frias em outubro. Por volta de novembro, haver� temporadas frias
e em dezembro o tempo quente ter� se tornado uma lembran�a. Nesta met�fora,
o come�o da perman�ncia pac�fica � como o come�o do outono e inverno.
Primeiro reconhecemos uma pequena mudan�a e ent�o, em breve, nos tornamos
acostumados a ela. Quando reconhecer o come�o da perman�ncia pac�fica em sua
medita��o, perceba suas qualidades e aprecie o seu aprofundamento.
4.
Perman�ncia pr�xima. Nesta est�gio, somos capazes de experienciar
per�odos em nossa medita��o durante os quais os pensamentos delusivos n�o
surgem. Neste est�gio, tamb�m aprendemos a dizer quando os pensamentos
delusivos surgir�o, antes mesmo de eles surgirem. Com esta habilidade, somos
capazes de defender nossa medita��o tanto de distra��es internas quanto
externas.
5. Controle. Nesta est�gio, entendemos profundamente os
m�ritos do samadhi e compreendemos completamente que os dez aspectos s�o as
causas de toda delus�o. Os dez aspectos s�o forma, som, odor, sabor, toque,
ambi��o, raiva, ignor�ncia, masculinidade e feminilidade. Neste est�gio,
conquistamos nossa mente e n�o somos mais v�timas de suas excitabilidade.
6. Grande paz. Este est�gio � caracterizado pela profunda calma que
vem de entender completamente que a ambi��o, a raiva e a ignor�ncia s�o as
fontes de toda delus�o.
7. Paz suprema. Neste est�gio, os
pensamentos delusivos n�o t�m oportunidade de surgir. A mente est� em um
estado completamente natural e muito livre. O que quer que venha nela, vem
nela, e o que quer que saia dela, sai simplesmente e sem deixar qualquer
res�duo.
8. Unidirecionalidade. Neste est�gio, a mente est�
reunida em um �nico ponto � descansa dentro de si mesma e est� completa em
si mesma. Nada est� faltando e nenhuma interrup��o de consci�ncia pode
ocorrer. Algum esfor�o � requerido para alcan�ar este estado.
9.
Equanimidade. Este est�gio chega apenas depois de longa pr�tica. Nenhum
esfor�o � requerido para alcan��-lo. Neste est�gio, a mente entrou
totalmente em samadhi. A bondade permanece sem esfor�o e o mal permanece
longe sem tentar entrar.
Enquanto observar os est�gios acima, �
sempre uma boa id�ia perguntar a si mesmo onde a sua mente est�. A mente de
Buda est� al�m da localidade e, j� que as profundezas de sua mente s�o a
mente de Buda, sua mente tamb�m est� fundamentalmente al�m da localidade.
Nosso apego ao pensamento delusivo � o que nos mant�m no samsara. O
mesmo apego � o que nos impede de atingir um profundo samadhi na medita��o.
A delus�o mais fundamental da mente � sua necessidade teimosa de se agarrar
as coisas � �s id�ias, conceitos, desejos, formas, emo��es, pessoas etc. A
mente � como uma grande m�o que sempre quer agarrar tudo que se aproxima. Os
budistas chineses usam esta necessidade da mente de se apegar a algo como
uma ferramenta para libertar a mente.
A Explica��o Graduada da
Perfei��o da Medita��o nos ensina cinco m�todos para usar esta mesma
tend�ncia de agarrar as coisas como um meio de nos libertarmos desta
tend�ncia. O objetivo deste m�todos � emboscar o agarramento habitual da
mente em algo que o libertar� da delus�o.
1. Apegue a mente ao
topo da cabe�a. A palavra chinesa para apego como est� sendo usada aqui
� hsi, que significa "atar", "apegar" ou "ligar". Esta mesma palavra
tamb�m � usada em chin�s para denotar estar atado ao samsara ou ao nosso
karma. Como usado nestas cinco pr�ticas, hsi pode ser traduzida como
"concentrar" em portugu�s, mas uma distin��o importante seria perdida.
Usamos exatamente a mesma natureza apegada da mente para fazer estes
exerc�cios, assim como a usamos para formar desejos ou medos de outros
apegos que nos atam a este mundo.
A Explica��o Graduada da
Perfei��o da Medita��o nos aconselha a "apegar a mente ao topo da
cabe�a" como um modo de superara a sonol�ncia e o torpor. A mente pode ser
pregui�osa em seus apegos � sono, confus�o e emo��es confusas de ignor�ncia
tateante s�o muitas vezes t�o atrativas para ela quanto as cores e formas
brilhantes dos desejos claramente percebidos. Quando elevamos nossos apegos
inferiores ao topo da cabe�a, vamos a um longo caminho em dire��o a superar
o que nos ata � delus�o.
A Explica��o Graduada da Perfei��o da
Medita��o previne que, em alguns casos, esta t�cnica pode levar a
problemas f�sicos associados com os ventos no corpo ou com um desejo de
voar. Se isto acontecer, esta t�cnica deve ser descontinuada.
2.
Apegue a mente a lugares onde o cabelo encontra o escalpo. Este � um
lugar muito bom para centrar a aten��o. � f�cil de sentir e a maioria das
pessoas tem bons resultados quando tenta usar esta t�cnica. Esta pr�tica
muitas vezes pode levar a uma compreens�o quase vision�ria do esqueleto
humano e da imperman�ncia do corpo. Em alguns casos, o uso exagerado desta
t�cnica pode fazer os olhos fitarem para cima e perceberem nuvens
brilhantemente coloridas ou mosaicos abstratos de cor. Estas formas podem
levar a mente a ver formas ainda mais confusas e eventualmente podemos
desmaiar. Por esta raz�o, � importante n�o abusar deste tipo de medita��o.
3. Apegue a mente �s narinas internas. As narinas s�o as portas
de entrada que permitem que o ar passe para dentro e para fora do corpo. Se
direcionarmos nossa aten��o para as narinas internas, nossa mente logo se
tornar� perdida no ir e vir da respira��o. Em breve, nenhum pensamento
surgir�. Esta t�cnica � muito boa para nos ajudar a perceber a imperman�ncia
de nossos corpos e de todas as coisas. � tamb�m uma das melhores t�cnicas
para acalmar a mente e conduzir ao samadhi.
4. Apegue a mente ao
umbigo. O umbigo � o "oceano da respira��o". � uma fonte central de
energia vital no corpo humano. Devido a esta import�ncia, este ponto �
chamado o "pal�cio central" em chin�s. Quando apegamos a mente ao umbigo na
medita��o, fazemos o sangue e a linfa flu�rem no centro do corpo. Este fluxo
tem grandes benef�cios de cura e muitos tipos de doen�as podem ser curados
por ele. Quando usamos esta t�cnica, tamb�m podemos ter uma vis�o das trinta
e seis partes maiores do corpo reconhecidas pelo budismo. Esta vis�o pode
levar a um samadhi muito profundo. As mulheres devem ser cuidadosas em n�o
usar esta t�cnica muito freq�entemente, j� que pode causar sangramento
menstrual excessivo.
5. Apegue a mente � terra. Quando
focalizamos a mente sobre a �rea abaixo de nossas almofadas de medita��o,
trazemos grande estabilidade � nossa medita��o.
Deste cinco m�todos,
apegar a mente �s narinas internas, ao umbigo e � terra s�o os mais
estabilizadores e geralmente os mais efetivos. Um princ�pio geral que deve
nascer na mente, quando quer que estivermos meditando, � que se o corpo se
tornar extremamente leve e come�ar a se sentir como se estivesse flutuando
para cima, devemos baixar nosso centro de aten��o. Se o corpo come�ar a se
sentir muito pesado, como se estivesse afundando, devemos subir nosso centro
de aten��o.
Desembara�ar a si mesmo
do desejo e dos caminhos maus
requer
tanto vis�o quanto sabedoria.
Desembara�ar a si mesmo do mundo
e
descobrir a alegria interior
� o come�o da medita��o.
� do Grande
Tratado sobre a Perfei��o da Sabedoria
Terminando a medita��o
Assim como o processo de se preparar para meditar � importante,
assim tamb�m � o processo de se levantar da medita��o. Se apenas pularmos de
nossos assentos e corrermos por a� sem uma transi��o adequada, podemos
perder o que obtivemos durante a medita��o e podemos at� mesmo nos fazer
sentir doentes.
Quando entramos em medita��o, nos movemos do que �
�spero e for�ado para o que � refinado e gentil. Quando terminamos a
medita��o, nos movemos na dire��o oposta � o mundo calmo e gentil da mente
interior luminosa deve abrir caminho lentamente para os requerimentos do
movimento f�sico, da fala e dos pensamentos que nos carregam durante o dia.
Se nos levantarmos abruptamente depois de meditar e nos jogarmos de
volta no mundo, podemos fazer com que tenhamos uma dor de cabe�a, que
desenvolvamos rigidez nas juntas ou algum outro problema f�sico. A
transi��es impensadas da medita��o de volta para a consci�ncia ordin�ria
pode tamb�m contribuir ao estresse emocional ou irritabilidade. Para estas
ocasi�es, � importante prestar aten��o aos cinco pontos seguintes quando se
levantar da medita��o.
1. Mude seu foco para novas condi��es.
Quando decidir que � a hora de terminar sua medita��o, voc� deve mudar sua
aten��o do interior para o exterior. Conforme sua mente come�ar a
refocalizar sobre as sensa��es externas, voc� deve se concentrar sobre o
processo de sair da medita��o.
2. Abra sua boca e exale algumas vezes.
Quando fizer isto, imagine que os �ltimos venenos em seu corpo est�o sendo
expelidos. Sinta como todo o seu corpo participa no ato de respirar.
3. Mova seu corpo superior. Primeiro, gentilmente mova algumas vezes o
seu corpo superior para tr�s e para frente, enquanto ainda estiver sentado;
ent�o, lentamente gire e mova as outras partes do seu corpo, sem for�ar.
Massageie gentilmente os seus ombros, bra�os, m�os, pesco�o e cabe�a.
4. Mova suas pernas. Depois de ter feito isso, comece gentilmente a se
mover e a esticar suas pernas. Elas devem come�ar gradualmente a se sentir
flex�veis e seguras. Se voc� mov�-las subitamente, elas podem come�ar a se
sentir duras e desconfort�veis.
5. Massageie sua pele. Gentilmente
massageie sua pele at� que sinta um formigamento agrad�vel.
6.
Massageie seus olhos. Uma vez que o seu corpo e as suas m�os tenham
come�ado a se sentir re-estimulados, massageie gentilmente os seus olhos at�
que voc� sinta a circula��o normal retornar a eles. Quando seus olhos se
sentirem confort�veis e prontos, abra-os.
7. Expila o calor. A
medita��o muitas vezes faz a temperatura do corpo aumentar � algumas pessoas
at� mesmo suam quando est�o meditando. Ao se levantar da medita��o, �
importante expelir este calor ou permitir que ele se estabilize. O corpo
pode estar bem sens�vel depois da medita��o. Sensa��es incomuns devem ser
respeitadas e se deve permitir que o seu sistema retorne naturalmente � sua
homeost�cia costumeira.
Ao nos levantarmos da medita��o, �s vezes �
�til refletir sobre porque meditamos. A medita��o � uma t�cnica para acalmar
nossos pensamentos deludidos, de modo que a verdadeira sabedoria possa pelo
menos nascer. Conforme gradualmente vemos atrav�s das delus�es de nossa
mente, nosso entendimento da ilumina��o aumenta lentamente. Conforme nosso
entendimento aumenta, nosso desejo pela ilumina��o tamb�m cresce. Este
desejo n�o � um desejo sams�rico por poder ou habilidades ps�quicas. � um
desejo de melhorar nossa sabedoria e compaix�o. � um desejo de ser de maior
benef�cio para os outros seres sencientes. � um desejo de se tornar
benevolente como um buda.
A sabedoria que cresce em n�s atrav�s de
nossa pr�tica de medita��o deve ser aplicada �s nossas vidas no mundo real.
A medita��o que n�o � uma fonte de sabedoria pr�tica e socialmente ben�fica
� provavelmente uma medita��o mal direcionada. Hui-neng, o sexto patriarca
do budismo Zen, disse:
O que � medita��o sentada? Nos removermos de todas as distra��es
externas e aquietar a mente � chamado "sentar". Observar a natureza interior
em calma perfeita � chamado "medita��o".
Hui-neng tamb�m disse:
Remover-se de toda forma externa � chamado "medita��o" (dhyana).
Estar perfeitamente interiorizado e tranq�ilo � chamado "concentra��o" (samadhi).
A medita��o n�o o carregar� para um outro mundo, mas revelar� as
dimens�es mais profundas e maravilhosas do mundo no qual voc� j� vive.
Contemplar calmamente estas dimens�es e traz�-las no servi�o da compaix�o e
da bondade � o caminho correto para fazer ganhos r�pidos na medita��o, assim
como na vida.
Na medita��o deixamos
os fogos da m�cula
pelo frescor do
samadhi claro.
E isto � como a alegria
de cair na �gua fresca e clara
depois de se queimar no calor do sol.
� do Grande Tratado sobre a
Perfei��o da Sabedoria
(Hsing Y�n Ta-shi. Only a great rain:
a guide to Chinese Buddhist meditation.
Traduzido por
Tom Graham, introdu��o de John McRae. Somerville: Wisdom, 1999. P�g. 34-39.)