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Asanga pensou, "Mas que perseverança! Ele está esfregando uma
coluna de ferro com um lenço de seda para fazer uma agulha, e eu sequer
tenho paciência suficiente para permanecer em retiro." Caminhou de volta
para sua caverna e começou a meditar, dia e noite, sobre o Buddha Maitreya. Depois de mais três anos de meditação, ela ainda não havia recebido
sinal algum de realização. Nenhum sonho, nenhuma visão, nada. Novamente,
muito desanimado, deixou o retiro. Ao seguir pela estrada, viu um homem que
mergulhava uma pena num balde d'água e a passava sobre a superfície de um
enorme rochedo. Asanga perguntou ao homem o que fazia. "Este rochedo está fazendo sombra sobre a minha casa," respondeu,
"então eu o estou removendo." Asanga pensou, "Eis aqui alguém que, para ter apenas um pouco de
Sol sobre seu telhado, se dispõe a ficar em pé interminavelmente, removendo
um rochedo com uma pena. E eu não consigo sequer meditar até que obtenha um
sinal." Então, voltou para a caverna e sentou-se em meditação. Após um total de doze anos em retiro, ele ainda não havia recebido
sinal algum. De novo, desencorajado e decepcionado, partiu. Ao seguir pela
estrada, desta vez encontrou um cachorro muito doente. A parte inferior de
seu corpo estava apodrecida por gangrena e cheia de larvas de moscas
varejeiras. Sem as duas pernas de trás, ele conseguia apenas se arrastar
pela estrada. Ainda assim, voltava-se para todos os lados, tentando morder
quem estivesse em volta. O coração de Asanga se comoveu. "Este pobre
cachorro", pensou, "O que posso fazer para ajudá-lo? Tenho que limpar a
ferida, mas com isso posso matar as larvas. Não posso tirar a vida de um
para preservar a de outro; toda vida tem valor." Por fim, decidiu que, se usasse sua língua com cuidado para retirar
as larvas da ferida, poderia salvar tanto os insetos quanto o cachorro. A
idéia era repugnante, mas fechou os olhos e se abaixou. Quando abriu sua
boca, sua língua tocou não o animal, mas o chão. Abriu os olhos. O cão havia
sumido e ali estava o Buddha Maitreya. "Faz anos e anos que estou rezando a você", exclamou Asanga, "e
esta é a primeira vez que você aparece!"
(Chagdud Tulku Rinpoche. Portões da Prática
Budista.
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