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EROS EM NOSSAS VIDAS Por: Maria Aparecida Diniz Bressani Jung diz que temos tudo dentro de n�s, que toda a hist�ria da humanidade est� dentro de n�s, que todo o desenvolvimento do ser humano est� dentro de n�s. Se pararmos para pensar tem tudo a ver com que Plat�o quis dizer com o mito sobre Eros. Segundo Plat�o, Eros � filho de Penia (Car�ncia) e Poros (Recursos Internos) e foi concebido no dia do nascimento de Afrodite. E � justamente pensando sobre este mito de Plat�o que podemos entender o que Eros significa em nossa vida. Se Eros
� fruto da car�ncia e dos recursos internos, e n�s como seres humanos,
segundo Jung, temos todos os recursos que qualquer outro ser humano. Ent�o,
o outro representa na nossa vida? Mas podemos ver nesta busca do ser humano um grande equivoco, pois usa o Amor como fim, enquanto que deveria us�-lo como meio. Eros � o meio, a ponte, pelo qual devemos ir de encontro ao outro. E, quando digo o outro, quero dizer qualquer pessoa que passe pela nossa vida, pois todos s�o o outro na nossa vida. Afinal Eu s� tem um na nossa vida! Ainda segundo Plat�o, s� sentimos falta daquilo que n�o temos. E nossa car�ncia � do outro em nossa vida, pois de n�s mesmos estamos repletos! O que n�o temos � o outro em nossa vida. Confundimos car�ncia do outro com car�ncia de Amor. De Amor estamos repletos � afinal o Amor � tamb�m filho de Poros, ou seja, o Amor em si � cheio de recursos, portanto estamos n�s repletos de recursos. O outro � o objeto onde podemos explorar todas as possibilidades de utiliza��o de nossos recursos internos. Quando
vamos de encontro ao outro em busca de Amor, isto significa que vamos
acreditando que n�o temos nada para oferecer para esse outro e que este
outro est� repleto. Que ele tem tudo para me fazer feliz! Ent�o a rela��o
estabelecida com ele � de depend�ncia. Eu preciso dele para me sentir amado!
Nenhuma rela��o estabelecida neste n�vel pode ser de Amor, mas, sim, de �dio. Que poder tem este outro sobre mim e sobre a minha vida? Dele depende a minha sobreviv�ncia! E, a partir dessa necessidade, neste n�vel, do outro tornamo-nos inseguros, fr�geis, impotentes e mais carentes ainda diante deste outro, que se torna, aos nossos olhos, t�o poderoso e, at� mesmo, vital � nossa exist�ncia. No encontro com o outro devemos usar Eros como meio, como o recheio de um sandu�che, que d� o sabor, o tempero, para o p�o e, n�o us�-Lo como a meta. Porque quando O colocamos como a meta de uma rela��o, esta se perde, deixa-se de investir, ou seja, deixamos de utilizar nossos recursos neste relacionamento e nos colocamos na posi��o de Penia, isto �, na posi��o do carente e todos os nossos movimentos dentro deste relacionamento � de se fazer manobra e jogar isca para se conseguir o Amor do outro e manter a nossa sobreviv�ncia, portanto, n�o h� troca. E por mais amor que este outro possa nos dar, nunca vai ser suficiente para aplacar tanta car�ncia, pois estamos vazios � sentimo-nos vazios - vazios de n�s mesmos, do nosso Amor. Todo e qualquer relacionamento deve ter bem delimitado as individualidades e necessidades pessoais. O verdadeiro encontro amoroso acontece quando dois seres humanos est�o numa rela��o inteiros, plenos, trazendo consigo toda a sua viv�ncia e seus recursos e sua individualidade intacta, onde a �nica car�ncia � a do outro em sua vida, pois, afinal de contas, somos seres soci�veis por natureza e � atrav�s do outro que podemos nos aprimorar como seres humanos. Por isso na busca e no encontro com o outro devemos ir inteiros e repletos de n�s mesmos e transbordando de AMOR. E colocar este Amor a servi�o da rela��o, com todos os nossos recursos, que s�o inesgot�veis.
Maria Aparecida Diniz
Bressani �
psic�loga e psicoterapeuta Junguiana, |