Entrevista com Reverendo Genshô - Um Zen sem
Tantas Influencias de Outras Religiões e Espiritualidade nas Empreas

Parte 1 - Um Zen sem tantas influencias de
outras religiões
1-Reverendo, você procura praticar o Zen sem
influencias de outras religiões, como é isso?
Na verdade isto é impossível, a medida que o zen
passa por culturas e outros países recebe influências e isto é a própria
história do budismo, ele não é uma obra pronta e congelada mas uma
construção contínua com adaptações que permitam ser palatável por onde
passa. No entanto as origens do budismo e sua doutrina básica não podem ser
modificadas, a ênfase na meditação e nos preceitos é parte essencial do zen
como Dogen Zenji tentou refundar no Japão no sec 13, é este zen ao qual
tentamos continuamente retornar.
2-Quais praticas você manteve com esse trabalho e qual
dispensou ou modificou?
Nos focamos na prática da meditação e nos
ensinamentos de Buda, são os rituais em língua estrangeira os que mais
sofrem adaptações porque os que herdamos foram construídos no oriente e para
orientais, não que os rituais sejam errôneos mas sim que eles precisam ser
compreensíveis para nós ocidentais, o mesmo aconteceu na China e no Japão os
quais adaptaram o que receberam da Índia, deixando de lado o sânscrito
original em favor das línguas locais, o mesmo sucederá obrigatoriamente no
ocidente, aliás já está em curso.
3-E sobre os ensinamentos, quais foram as mudanças?
Quero dizer os ensinamentos que permaneceram e os que não?
Não há alteração nos ensinamentos, pelo contrário,
há uma tendência em todo o ocidente em se remeter aos textos mais antigos
que fundamentem as doutrinas budistas.
4-O senhor pretende deixar essa forma de praticar o Zen
como um legado para a humanidade? Por exemplo: ter discípulos que continuem
com esse trabalho que está fazendo? Ou escrever um livro? (Isso seria muito
legal)
Cada linhagem e sua forma de ensinar e praticar faz
este esforço de sobrevivência, se é bem sucedida ou não o tempo dirá. Em
breve um livro de palestras será publicado, O Pico da Montanha é onde estão
os meus pés, uma obra ficcional já foi muito bem distribuído e tem traduções
publicadas em Inglês, francês, alemão e espanhol.
Parte 2 – Espiritualidade nas empresas
1-Como é esse trabalho de espiritualidade nas empresas?
Nas empresas a porta de entrada tem sido a
meditação como prática, é verdade que tem sido usada para objetivos do
trabalho e fica distanciada do objetivo espiritual, porém encaminha pessoas
que desejam se aprofundar e qe inevitavelmente terão de procurar um centro
de prática espiritual, não importa de qual linha.
2-Muitas empresas se preocupam apenas com o lucro, não
tem uma visão mais humana, como isso pode ser melhorado?
Não é nossa experiência, é comum os empresários
declararem que querem realizar mais do que apenas o material, é uma
tendência crescente, os investimentos em ensino e meditação dentro das
empresas demonstram isto, é lógico que o foco no lucro não pode ser
esquecido sob pena da morte da empresa.
3-Esse trabalho ajuda no autoconhecimento dos
funcionários e patrões?
Com certeza.
4-Além do ganho espiritual, a empresa tem um ganho
material com esse trabalho?
Se funcionários tornam-se mais felizes e
equilibrados evidentemente seu desempenho vai melhorar, a energia perdida em
atritos e lutas egóicas será mais bem direcionada.