O XAMANISMO DE CARLOS CASTANEDA HOJE

Por: Nelson Neraiel

Passados quarenta anos desde o lan�amento do primeiro livro, �Os Ensinamentos de D. Juan� que em portugu�s recebeu o t�tulo de �A Erva do Diabo�, a obra de Carlos Castaneda continua exercendo sua influ�ncia nas mais diversas �reas do pensamento contempor�neo e, principalmente, sendo posta em pr�tica.

Ela � a narrativa do aprendizado de Carlos Castaneda com o, �ndio Yaqui Dom Juan Matus e trazia a publico uma dimens�o do Xamanismo at� ent�o desconhecida.

Chamarei de praticantes para os fins deste texto aqueles que de forma solit�ria ou em grupo seguem as propostas de a��o sugeridas por Carlos Castaneda como Nagual de sua linhagem.

Durante anos, as pessoas que se identificaram com esse conhecimento e acompanharam os livros, buscaram colocar em pratica os v�rios aspectos do que vinha sendo exposto.

Nos dois primeiros livros, importantes conceitos foram colocados, porem o tema principal naquele momento e assunto de pesquisa acad�mica de C.C. era o uso das plantas de poder.

A partir de �Viagem a Ixtlan� o foco mudou, Carlos reorganizou o material que havia sido deixado de lado por n�o se referir ao uso de plantas de poder e resultado foi um dos mais fortes e po�ticos livros da s�rie.

Come�a a ficar claro que o que esta sendo proposto � uma reformula��o da maneira usual e corrente de encarar a exist�ncia e a si pr�prio.

Nos livros seguintes, varias outras facetas desse conhecimento foram sendo apresentadas aos leitores. Cada livro refletia a compreens�o de C.C. daquele momento especifico do seu aprendizado.

Uma das caracter�sticas do que aqui chamamos de �Xamanismo de C.C.� e que � um xamanismo abstrato.

Na maior parte do tempo seus livros falam de Consci�ncia e Percep��o.

Em vez de esp�ritos e deuses, falam de tipos de consci�ncia, energias e mundos, distintos do nosso, mundos t�o completos e totais quanto nossa realidade di�ria...

Essa � uma diferen�a importante, uma vez que as descri��es mitol�gicas, geralmente antropom�rficas e zoom�rficas dos planos n�o f�sicos, suas energias e seus habitantes, que � t�o caracter�stica das culturas xam�nicas s�o postas de lado.

Na verdade isso � resultado do fato de que esses xam�s podiam ver a energia diretamente como ela flui no universo, ou seja, sem o processo de interpreta��o normalmente utilizado pelos nossos organismos para construir a realidade percebida.

Os �Antigos Videntes� fonte original dessa tradi��o, xam�s do M�xico antigo, segundo o relato, obtiveram feitos de perceptivos realmente fant�sticos, explorando os limites do universo e das possibilidades de a��o e percep��o humanas.

Seus herdeiros culturais, em dado momento, ainda antes da conquista espanhola, fizeram uma an�lise do que era realmente fundamental e positivo das antigas e vastas pratica desses xam�s e reorganizaram seu conhecimento, dando inicio a um novo ciclo, o ciclo dos �Novos Videntes� segundo a denomina��o usada por D. Juan.

O Sonho L�cido, a Arte da Espreita, a Recapitula��o, a Impecabilidade, o Esp�rito do Guerreiro e os Passes M�gicos, se tornaram o n�cleo de suas praticas e foram temas abordados nos livros de C.C.

A dimens�o fant�stica dessas narrativas, para o atual paradigma de nossa sociedade, contribu�a para que ler e se identificar com esse conhecimento, fosse por si s� algo que j� nos levava a rever certas posi��es mesmo que teoricamente.

� vontade de pertencer a esse grupo de guerreiros e de seguir o caminho do conhecimento levava-nos a desejar encontrar de qualquer maneira a sua fonte, C.C. e D. Juan Matus, porem isso era quase imposs�vel, C.C. estava desaparecido e inc�gnito h� v�rios anos e D. Juan j� havia partido....

Dentro desse quadro cada leitor trilhava seu pr�prio caminho tentando colocar em pratica e vivenciar aquelas experi�ncias descritas nos livros.

Sent�amos que faltava algo para que pud�ssemos realmente adentra aquele mundo...

Aliados, Mundos Paralelos, Arte do Sonhar, Espreita, Recapitula��o... Mover o Ponto de Aglutina��o... Como far�amos tudo isso?

Acredito que em determinado momento, cada um dos que acompanhavam os livros, decidiu seguir esse caminho mesmo sabendo que provavelmente nunca teriam sucesso. Tenho certeza que muitos tomaram essa decis�o.

Assim mais uma das premissas de D. Juan era subjetivamente posta em pratica, a de que temos que acreditar sem acreditar...

E agir, sem esperar recompensas.�

No inicio da d�cada de 80 Carlos Castaneda volta a publico e passa a ensinar a grupos reservados de aprendizes.

No inicio da d�cada de 90 e come�a a ensinar a �Tensegridade�, a vers�o moderna de antigos movimentos, gestos e respira��es conhecidos como �Passes M�gicos�. A parte pratica do conhecimento dos xam�s do M�xico antigo.

Segue uma breve descri��o dos Passes retirada do site oficial:


"Os passes m�gicos s�o movimentos corporais, posturas e respira��es, que os videntes do M�xico antigo descobriram em seu sonho e que se praticam pelo efeito extraordin�rio que t�m sobre o bem-estar, o vigor e a consci�ncia.�

Basicamente o objetivo dos Passes � a redistribui��o da energia acumulada e estagnada na borda de nosso ovo luminoso ou aura, trazendo-a de volta para nossos centros energ�ticos com profundos efeitos sobre nosso organismo..

S�o realizados ent�o, os primeiros encontros p�blicos e Semin�rios e � lan�ado o livro �Passes M�gicos� e posteriormente mais quatro fitas de v�deo.

Os Passes M�gicos, a sabedoria pratica dos Xam�s do M�xico antigo, s�o a ferramenta fundamental para termos a energia e disciplina necess�rias para realmente vivenciar o conhecimento e t�cnicas dos livros em nosso dia a dia.

C.C. reorganizou os passes em s�ries com finalidades especificas, terminando de retirar todo o ritual e segredo, associados a pr�tica desses passes no passado e passou a utilizar o termo �Tensegridade� para designar essa nova forma.

D. Juan j� havia �visto� que o que � realmente importante nos passes e a redistribui��o de energia dentro de nosso ovo luminoso e que isso n�o dependia do ritual.

Durante as pr�ticas que orientava, o nagual Carlos Castaneda pode ent�o verificar um importante fen�meno, algo totalmente novo, o efeito da massa de praticantes.

Ele pode observar o grande incremento de energia que acontece quando, acima de um determinado numero de pessoas, praticam os passes em conjunto.

Isso, al�m de intensificar os efeitos do passe, contribui para uma maior facilidade dos praticantes em aprend�-los e em alcan�ar momentos de silencio interior.

A percep��o do �Efeito de Massa� foi fundamental para determinar o rumo e como esse conhecimento � divulgado hoje em dia.

Hoje, os praticantes ao redor do mundo testam e verificam cada uma das ferramentas que nos foram dadas.

Um dos focos atuais das pr�ticas � a observa��o de si pr�prio e dos momentos em que ganhamos ou perdemos energia, dos momentos em que estamos alinhados e das coisas ou situa��es que nos tiram desse estado de alinhamento.

Observar a repeti��o entediante dos nossos velhos e equivocados comportamentos que s� nos trazem dor, conflitos interiores e com os nossos semelhantes, e principalmente o que podemos fazer para mudar isso.

Nos Semin�rios, que acontecem em diversos pa�ses, inclusive aqui no Brasil, a onde haver� um agora em dezembro em S�o Vicente, litoral de S�o Paulo, atrav�s da intera��o dos Instrutores com os praticantes, s�o estabelecidos os novos rumos das pr�ticas, de acordo com a orienta��o das tr�s companheiras de Carlos Castaneda: Carol Tigs, Taisha Abelar e Florinda Donner Grau.

Hoje praticantes novos e antigos, jovens e velhos, homens e mulheres, que leram todos os livros v�rias vezes, e outros que leram somente alguns, est�o juntos em uma estranha e envolvente aventura, uma aventura como seres m�gicos em um mundo m�gico, em um tempo m�gico, que sabem que em algum ponto desse caminho retornaram para aquela imensid�o da onde vieram.

Um grupo unificado de praticantes explorando as possibilidades dessa nossa estranha e empolgante, viagem perceptiva como consci�ncias.

Min�sculas velas de consci�ncia, navegando nas asas do Intento... Como dizem alguns praticantes....

Esse artigo se prop�e a dar um r�pido panorama do que vem sendo feito pelas pessoas que se propuseram a levar adiante o Sonho, e atravessar, a porta que foi aberta por Carlos Castaneda.

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