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 | PSICOTERAPIA NÃO É COISA PARA LOUCO Por: Maria Aparecida Diniz Bressani Fico estupefata que, mesmo estando no século 21, com uma gama de informações extraordinária disponivel, ainda haja tanto preconceito e mal entendido sobre o que seja e para quem seja psicoterapia. Existe 
    ainda grande resistência por parte das pessoas - mesmo por aquelas que 
    buscam sites, livros ou qualquer outro veículo de auto-ajuda - sobre o fato 
    de entrarem num processo de psicoterapia. Quando 
    sugiro para alguém que seria bom que fizesse psicoterapia sempre vem aquela 
    pergunta: "Você acha?...", juntamente com aquele olhar interrogativo como 
    que completando a pergunta "... que eu preciso?" Como se houvesse na minha 
    indicação alguma insinuação de que a pessoa é louca ou coisa parecida. Eu até 
    entendo que o que está por trás deste preconceito em relação à psicoterapia 
    é o medo do encontro consigo próprio, de encarar-se e, consequentemente, de 
    perceber os seus equívocos e suas ilusões sobre si mesmo. Sei também que, 
    além disso, a maioria das pessoas não foi educada para se perceber e se 
    levar a sério (a nossa cultura ainda tem dificuldade em olhar uma criança 
    como alguém perceptivo!). Existe por parte das pessoas, de uma forma geral, uma séria dificuldade em entender que psicoterapia é algo que tem como função ajudá-las no processo natural da vida, que é se desenvolver. Então, assim, ainda existe um certo constrangimento quanto ao porquê da necessidade da psicoterapia. 
    Nascemos com um "projeto de vida", que muitas pessoas chamam de "destino". E 
    qual seria este senão o próprio desenvolvimento da consciência e o colaborar 
    no desenvolvimento da nossa própria espécie? 
    Normalmente, quando essas "verdades" são herdadas e vividas, ou a pessoa 
    segue-as na íntegra, ou faz exatamente o contrário, por assim acreditar que 
    está seguindo o próprio caminho (o que não é verdade, pois os parâmetros 
    continuam sendo os familiares); sobrando a sensação de insatisfação e de 
    vazio constante. Por isso, acredito que psicoterapia é uma modalidade de processo de autoconhecimento que serve para todos, em larga escala, sem restrição de idade ou crença. A psicoterapia promove ampliação e expansão da consciência sobre si mesmo - elevando o nível de autoconsciência - sobre seu verdadeiro Eu - e, consequentemente, sobre suas reais necessidades e motivações. Essa ampliação e expansão da consciência levam a um caminho de luz; pois, consciência é exatamente isso: Luz. 
    Enquanto que quando vivemos ignorantes de nós mesmos (sem o sabermos!), 
    vivemos nas sombras, se não, na própria escuridão; andando pela vida como 
    sonâmbulos, com comportamentos - movimentos, ações e reações – “no 
    automático”. Apenas quando descobrimos nossos potenciais podemos administrar com tranqüilidade nossas limitações individuais e nos aproximar de nós, enquanto seres humanos que somos. Apenas quando dissipamos nossos equívocos e ilusões sobre nós mesmos é que podemos nos levar a sério e aí, sim, colocamo-nos à nossa disposição - nos tornamos auto-disponíveis e mais abertos para a vida e para as pessoas. Apenas quando conhecemos nossos recursos (tesouros escondidos!), conseguimos tranqüilizar nossa a ansiedade, eliminando o medo do futuro. Apenas quando podermos olhar nos nossos olhos - sem medo do que encontraremos no fundo deles - é que conseguiremos viver uma vida mais pessoal e plena, com aplicação adequada dos nossos melhores recursos, proporcionando-nos uma real e boa qualidade de vida, impregnada de amor e respeito. E com 
    isso todos ganhamos: nós mesmos, as pessoas à nossa volta e a própria 
    humanidade, da qual fazemos parte. 
    Maria Aparecida Diniz 
    Bressani é 
    psicóloga e psicoterapeuta Junguiana,  | |