Psicologia Transpessoal - O que é, Terapia, Dimensão Espiritual, Vida Após a Morte e Experiencias Misticas

Perguntas: Ryath

Entrevista respondida por:

Arlete Silvá Àcciari

Psicóloga (USF), psicoterapeuta e supervisora especialista na Abordagem Transpessoal. Doutora e Mestra em Ciências (UNICAMP).

Especialista em Psicologia Transpessoal (ALUBRAT-Reconhecimento Internacional).

Coordenadora Pedagógica da Pós Graduação em Psicologia Transpessoal (ALUBRAT-Campinas).

Docente em cursos Pós-Graduação em Psicologia Transpessoal.

Publicação de livros e artigos na Abordagem Transpessoal.

Ministra palestras, workshops e cursos com temas na Abordagem Transepssoal, entre eles se destacam aPsicoterapia Breve Transpessoal.

Contatos: E-mail: arletesilvapsi@gmailcom. Instagran: @silvaacciari

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS

1-Como é a terapia na Psicologia Transpessoal?

É um processo terapêutico com ações conjuntas de cuidado que visam o bem estar, equilíbrio e desenvolvimento do Ser. Pode acontecer em uma psicoterapia profunda de longo prazo, psicoterapia breve, de apoio (momentos de crise) ou mobilizadora (momentos decisivos onde há necessidade de ampliar a percepção sobre si mesmo, relacionamentos ou contextos de vida).

Convém destacar que a Psicologia Transpessoal apresenta um avanço em psicologia, ampliando a visão antropológica e com uma perspectiva sistêmica de ser humano, compreendendo que a humanidade é construída por seres que naturalmente têm uma constituição biológica, psicológica, relacional/social, ambiental/cultural e espiritual, inserida em um contexto cósmico.

Sendo assim, no contexto terapêutico o profissional, se valendo de recursos psicológicos, acolhe trabalha, de forma integrada todos os níveis do ser.

 

2-Você pode falar um pouco das técnicas que usa na psicoterapia transpessoal?

Trabalho com os recursos preconizados pela Abordagem Integrativa Transpessoal, inclusive com a publicação de um livro que versa sobre o assunto (Abordagem Integrativa Transpessoal: psicologia e transdisciplinaridade).

As técnicas são classificadas em sete grupos: intervenção verbal, escrita terapêutica, grafismo terapêutico, imaginação ativa, dinâmica interativa, reorganização simbólica e recursos adjuntos (relaxamento, contemplação, meditação).

 

3-Como são as experiências místicas ou de ampliação da consciência nessa psicoterapia? Você pode comentar a experiência mais marcante ou que mais impressionante que já viu em um de seus pacientes?

São acolhidas naturalmente e contextualizadas na vida atual da pessoa para que ela possa compreender o significado e o aprendizado trazido. Podem ocorrer fora da sessão e a pessoa traz o relato ou durante o atendimento com percepções ou insights.

A ampliação da consciência se dá a partir das técnicas citadas anteriormente e podem ser mais amplas ou restritas segunda a estrutura do psiquismo da pessoa com quem se trabalha. A escolha da técnica considera o perfil, repertório, necessidade e condições psíquica do paciente. Convém destacar que a pessoa permanece consciente e o principal objetivo é o empoderamento psíquico para ampliar autoconhecimento e fortalecer a pessoa em escolhas assertivas sobre si, relacionamentos ou questões de sua vida.

Exige experiência terapêutica por parte do profissional para que a vivência não se limite ao acesso a uma informação do inconsciente simplesmente, é fundamental integrar na no contexto psicológico e de vida da pessoa para que ela possa crescer com a vivência.

Considera-se o conteúdo psicológico da experiência mística e o aprendizado que se tem com ela, não cabe discutir questões religiosas ou de outra ordem cultural.

Poderia aqui relatar inúmeras experiências marcantes ou impressionantes que presenciei ao longo de 20 anos, tempo que trabalho com a Abordagem Transpessoal, porém o mais impressionante que destaco é a beleza de observar a pessoa se elevando aos seu melhor, aos níveis superiores de consciência de sua consciência, e aprendendo consigo mesmo. Por ética não cito experiência específica, convido o leitor a experimentar!

 

4-Quais são as similaridades das técnicas da Psicologia Transpessoal com as religiões místicas ou orientais?

Os autores da Psicologia Transpessoal realizaram algo excepcionalmente impressionante, ousaram escolher uma perspectiva transdiciplinar na forma de se relacionar com o conhecimento e métodos terapêuticos, e nesta perspectiva, romperam barreiras que impedem uma disciplina aprender e contribuir com a outra.

Nesse contexto dissolveu as barreiras e o paradigma da separatividade e da dualidade, ampliou-se o olhar de forma a considerar que podemos aprender com outras áreas de conhecimento, em especial campos da medicina, biologia, sociologia, antropologia e a tradições religiosas, entre outras, áreas que há muito buscam compreender e contribuir para o melhor da humanidade. Veja que as religiões, assim como as demais áreas, permanecem com seus pressupostos e a Psicologia Transpessoal constrói os seus, mas ela acolhe recursos possíveis de serem inseridos no setting terapêutico.

Em se tratando das religiões ou filosofias orientais, há muito temos nelas um modelo de escuta e cuidado ao ser humano pela via da religião, que não é sinônimo de espiritualidade. Sendo assim, os autores da Psicologia Transpessoal, e por consequência a Abordagem Transpessoal, considera não só a dimensão da espiritualidade algo intrínseco e natural ao ser humano, como também integrou nos recursos adjuntos à psicoterapia práticas como a contemplação e meditação.

Em que se distingui a inserção destas práticas como recurso adjunto no atendimento psicoterapêutico na Abordagem Transpessoal com a prática no contexto religioso ou místico?

No contexto terapêutico são práticas indicadas no intervalo entre as consultas para autocuidado e autoconhecimento de forma orientada e relacionada com os conteúdos trabalhados nos atendimentos. E durante os atendimentos para promover relaxamento, autopercepção, expansão de consciência associada a outras técnicas com objetivo de ampliação apercepção e aprofundar trabalho em certo tema. Enquanto que no campo da religioso ou místico o trabalho será conduzido como expansão de consciência no contexto cultural do grupo sem o alinhavo terapêutico ou profilático que é promovido na relação dialética em psicoterapia ente paciente e terapeuta.

 

5-Como é a dimensão espiritual na Psicologia Transpessoal?

No livro Abordagem Integrativa Transpessoal: psicologia e transdisciplinaridade, ao dedicarmos um capítulo à Psicologia Transpessoal exploramos este tema. Recomendo a leitura.

Muito brevemente digo aqui que a espiritualidade e a transcendência são conceitos chaves em Psicologia Transpessoal e na Abordagem Integrativa Transpessoal e se refere aos níveis mais elevados do ser, os níveis superiores da consciência humana; nível do essencial do advém os valores elevados e a expressão unitiva, integradora e saudável

 

6-Como é explicado a sobrevivência da consciência após a morte para essa Psicologia?

Essa questão é explorada na perspectiva do conceito de vida que é perene, sustentada por uma consciência não local e atemporal. Sendo assim, se trata de considerar que é uma consciência que habita um corpo e não o inverso. Como essa consciência vai se manifestar? A Psicologia Transpessoal não determina isto, os autores se dedicam a conhecer suas distintas e possíveis manifestações de maneira imparcial e não dogmática, analisando o conteúdo e como a pessoa se relaciona com ele.

 

7-Qual a relação da Psicologia Transpessoal com o Nirvana?

Por excelência a Psicologia Transpessoal é a Psicologia da Consciência, se dedica a estudar e trabalhar com os diferentes estados de consciência. Temos inúmeros autores que se debruçaram sobre o tema, posso aqui destacar Pierre Weil, Stanilav e Cristina Grof, Ken Wilber, Stanley Krippner, Charles Tart, Antonio Damásio, entre muitos outros.

 

8-Você pode citar um caso de cura de um paciente com as técnicas dessa psicoterapia?  

O conceito de cura é muito relativo e deve sempre ser contextualizado no processo da pessoa e em seu contexto de vida. Ao longo dos 20 anos que trabalho com esta abordagem já acompanhei muitas pessoas e observei processos reveladores e transformadores, no qual a pessoa realmente se sente em outro lugar na relação consigo mesa, em relacionamentos e processos de vida, às vezes com melhora física inclusive. Destaco que na pesquisa de mestrado, ao acompanhar em processo terapêutico pessoas com doença de Crohn, uma das manifestações da doença inflamatória intestinal, não houve cura doença em si, mas a cura de muitas questões no nível do SER.

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